segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Visão da sociedade



Em meados dos anos 60 o professorado era considerado uma das melhores e mais honradas profissões; por exemplo: em uma cidade pequena do interior do Rio Grande do Sul o professor era uma autoridade municipal. Assim como o delegado regional ou o prefeito. Agora me pergunto: o que mudou? Como o magistério é visto na atualidade e qual seria nossa expectativa e importância no futuro?
Priorizarei tentar responder ou ao menos colocar em pauta e trazer a baila estas dúvidas, que acredito serem extremamente pertinentes a problematização do assunto.
Como já dito antes, o professor era importantíssimo e valorizado na progênie da ocupação e foi vulgarizado ou até mesmo prostituído com o passar dos anos. No meu ponto de vista, que pode vir a ser considerado radical, agressivo e prepotente, acredito que a culpa inicial em parte é nossa; que depois vieram por consequência desencadear uma série de motivos políticos, econômicos e sociais para a desvalorização de nossa profissão. Até mesmo com a falta de atualização dos docentes; como técnicas de marketing pessoal, a aceitação de que somos manipuladores por essência, pois, conduzimos nossos alunos a adquirir no mínimo conteúdos predeterminados. Por outro lado, também somos mediadores de conflitos, conselheiros, amigos e temos que aceitar e abraçar esta causa sem ressalvas.
Creio que a abertura democrática de nosso país fez com que muitos de nós não entendêssemos o que democracia e liberdade realmente significam e as transformamos em permissionismos, que por sua vez se tornaram em anarquia, não no sentido ideológico e poético, mas sim, na inexistência de todo e qualquer limite, acarretando uma nítida e equivocada perda de senso hierárquico e de disciplina, causando a desvalorização de várias ocupações.
Em nossas escolas notamos esta postura vinda de nossos alunos e dos pais dos mesmos, que deixam em nossas mãos a aprendizagem e a educação. Esquecem que são pais, abrem mãos de momentos únicos com seus filhos por uma ambição capitalista desvairada, pois, cresceram e adquiriram essa ideologia na sua formação e assim, sucumbem formando gerações tal qual a anterior. Entendo que a problemática antecede nossa geração. E nós também fomos criados dessa forma. Despreende-se que é uma luta ferrenha e algoz pelo caminho...
Se partirmos do pressuposto de que moldamos nossos alunos para chegar ao ponto “X”, por quê não levá-los ao ponto “X+1”? Ou seja, depende única e exclusivamente de nós docentes, trabalharmos muito visando a formação de cidadãos ativos em sua cidadania, valorizando a qualidade de tudo e não a quantidade. Esse trabalho inicia-se na educação básica do indivíduo e os frutos serão colhidos posteriormente no ensino acadêmico. Sei que quebrar esse paradigma será difícil, mas, é o papel do magistério.
Para iniciarmos tal mudança precisamos de maior empenho. Temos que ser vaidosos e ambiciosos, de forma moderada e coerente, porém ferrenhos, abdicarmos de mediocridade e aceitarmos nossa grandiosidade como profissionais da área, perante a formação de uma nova sociedade. Assim, assumiremos nosso papel de destaque e também nossas responsabilidades, pois é “dando a cara à tapa” que iniciaremos tal movimento, como disse Willian G. Carr apud José M. Britto (2009):
“[...] Peço-lhe que pare de ficar se desculpando por ter a profissão mais importante do mundo”.
Provavelmente muitos de nós interpretaremos como fanfarrice este meu ensaio, mas, podem ter a mais plena certeza, que é o início de uma linda caminhada.
E, para concluir, deixo uma citação de Jean Piaget apud David Elkind (1978, p. 36):
“O grande homem que, em qualquer época, parece estar lançando alguma nova linha de pensamento é simplesmente a interseção ou síntese de ideias que foram desenvolvidas e apuradas por um processo contínuo de cooperação”.

REFERÊNCIAS

ELKIND, David. Desenvolvimento e educação da criança: Aplicação de Piaget na sala de aula. Ed.Zahar Editores. Rio de Janeiro, 1978.
BRITTO, José Mário. Sugestões de práticas educativas remodeladas para um mundo digital. ULBRA. Porto Alegre, 2009.

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